segunda-feira, 29 de março de 2010

A moda do século I ao século XV



A maior referência que se tem deste período vem da Grécia Antiga, Roma, Inglaterra, Portugal, França e de vários povos, como por exemplo, os etruscos, bretões, hunos, etc.
A indumentária de muitos desses povos citados continuaram mais ou menos iguais até por volta do final da primeira metade do século I, quando em 330 d.C. Constantino muda a capital de seu império para Bizâncio. A partir daí começam-se as mudanças, sentidas, porém, em definitivo, quando por volta de 476 d.C, com a queda do Império Ocidental e conseqüente isolamento de sua capital. Assim, livre das influências do Império Romano, ocorre uma reviravolta na maneira de vestir. Com o forçado afastamento, a moda/indumentária passa a desconsiderar a formalidade e simplicidade dos trajes romanos, dando lugar a muita cor, muito brilho (com pingentes, jóias, etc) e muitos detalhes (como franjas, bordados, etc).
As túnicas passam a ter mangas bordadas em ouro, a dalmática aparece cheia de outras vestes, inclusive, com uma toda brocada. Apesar de as vestimentas mais cotidianas não terem tanta pompa, eram usadas duas: uma de lã (por baixo) e outra de barrado em seda colorida; por cima, ainda, vinha uma capa curta presa por um broche, e que nos invernos era forrada com pele. Também eram usados os braies (calções) com faixas cruzadas até bem abaixo dos joelhos.
A roupa deixava de ser apenas utilitária, usada para esconder o corpo, passando a representar sedução, hierarquia e a suprema glória.
E a mudança nas vestes do mundo oriental acabou por influir na mudança das roupas ocidentais, uma vez que Bizâncio (depois Constantinopla, hoje a cidade de Istambul) ficava na rota para as Índias, obrigando os que lá queriam chegar, a passar pelo Império de Justiniano e Teodora. E, isto influenciou o modo de vestir, agora em sentido inverso ao que acontecia antes.
O vestuário dos bizantinos pautou-se pela supremacia das cores púrpuras, vermelho, marrom, preto e branco, bem como o uso abundante de ouro. Os ricos bordados em prata, ouro e pedras preciosas eram de uma riqueza sem igual. Porém, as túnicas deviam cobrir todo o corpo e os decotes não eram permitidos para ambos os sexos, e ainda, as mulheres deveriam usar os véus cobrindo toda a cabeça.
O extremo apuro da indumentária bizantina influenciou todo o império românico, e persistiu no clero e nos feudos até o século XI. O povo, entretanto, vestiu-se de conformidade com os meios e necessidades. Os nobres fizeram uso da túnica cintada, de vários comprimentos, chamada bliaud; de calças simples, bracchae, com ligas de couro ou meias toscas, as chausses, de uma capa semicircular, presa por broche ou fíbula e a paenula, muito popular, principalmente em dias de chuva, usada com capuz.
Na Inglaterra, porém, antes de Carlos Magno, as roupas eram bastante simples; segundo ilustrações da época, o rei Offa, da Mércia usava: túnica curta, na cor amarela, borda: dourada e estreita, capa azul, e meias na cor vermelha. As mulheres anglo-saxônicas usavam uma camisola por baixo de uma túnica com abertura na cabeça; e, uma sobre-túnica puxada por um cinto, de forma a mostrar a peça de baixo: bordados de barra, punhos, e junto ao pescoço; como também um manto do comprimento da túnica e preso sob o queixo. E, ainda, o véu que cruzava sobre o peito e caia até os joelhos. Era um verdadeiro emaranhado de panos sobre panos. ¹
A roupa começa a sofrer nova modificação (na Europa Ocidental) quando das Cruzadas, que passa a fazer contato mais direto com o mundo muçulmano. Por volta do século XI, os cruzados trouxeram uma infinidade de novos produtos, que passaram a ser incorporado no vestuário. As mulheres, em especial, adoravam as novidades: o véu muçulmano tornara-se um sucesso na Europa, bem como o abotoamento das roupas na lateral e as mangas largas e compridas; também tinha um corpete, que passou a ser usado por volta de 1130, que moldava o corpo até o quadril, de onde saía uma ampla saia que caía até os pés.




Os homens, com seus calções braies até os tornozelos (nobres usavam apertados, ao contrário dos pobres), presos por um cordão nos quadris. Usava-se chausses feitas de lã ou linho e a túnica por cima. Depois deste século, os braies foram diminuindo de tamanho até se tornarem o que conhecemos como cueca (no caso dos trabalhadores transformou-se em meras tangas); e as chausses mudaram de tamanho e cor de acordo com o período: foram do joelho às coxas, como de coloridas a estampadas.²
Por volta do século XII, poucas modificações aconteceram no vestuário, a não ser no que se refere às túnicas, que ficaram mais justas e as mangas, que foram imensamente alargadas nos punhos. Os véus continuaram sendo usados, e muitas vezes presos por círculos ou semicírculos de ouro ou outro metal; e, pelo final deste século, usava-se também a barbette e depois o gorjal (tanto um como outro emolduravam o rosto). Neste período a moda era fluida, embora um pouco de rigidez determinasse influência e elegância.
A partir daí, as roupas foram sendo modificadas aos poucos, nada que fosse capaz de causar tanto alarde. Somente no século XIV, começa-se novamente a haver sensíveis modificações. E, segundo James Laver, somente “na segunda metade do século XIV que as roupas, tanto masculinas quanto femininas, adquiriram novas formas e surgiu algo que podemos chamar de ‘moda’”³, embora não propriamente, ainda.
Tudo isso, em razão da mudança no padrão estético das roupas femininas e masculinas. As roupas das mulheres passaram a realçar mais os seios, além de terem encurtado um tanto considerável para a época, o quadril marcado por um cinto usado bem rente a ele, passou a ser conhecido como gibão. E, por cima deste gibão, as classes mais ricas ainda usavam outra peça chamada côte-hardie, uma sobre-túnica decotada, justa e abotoada na frente.
Logo depois, surgiu a houppelande, a beca: justa aos ombros, solta, com um cinto na cintura. Percebe-se claramente que as mulheres neste período vestiam-se com menos extravagância que os homens; estes, ao contrário, tiveram uma vestimenta bem mais rica e volúvel do que as femininas, pelo menos até por volta do século XVIII.
Inclusive, durante o século XV, a roupa masculina é quem sofre uma grande reviravolta, digna de verdadeiros escândalos pela sociedade dita sensata. Encurta-se tanto o seu vestuário, que o gibão masculino passa a ser tão curto que chega a causar certa indignação; chegando ao ponto de o homem ter que passar a usar um saco ornamental cobrindo a abertura dos calções: o codpiece.



Sem nos esquecermos de que neste período, as roupas eram feitas quase sempre em casa, onde se criavam ovelhas e cultivava-se o linho, usados ambos na confecção das vestiduras. Depois disso, passam a surgir casas especializadas em roupas, dirigidas por tecelões e alfaiates, que aproveitando o crescimento das cidades, resolvem por bem, se valerem dos novos tempos. A moda começa aqui, a ser mais difundida.
No período conhecido como Idade Média, o vestuário é a principal marca da convivência social, tanto quanto um sinal de distinção social. Pela roupa usada pelas pessoas, podia-se concluir se mercador, judeu, meretrizes, damas, nobres ou plebeus. Talvez, por isso, o desejo das pessoas pelo luxo, pela ostentação de riquezas, numa forma de se diferenciar uma das outras.
Tanto é verdade que, as classes dominantes ornamentavam suas roupas com uma grande variedade de acessórios, como botões, cintos com pedrarias, enfeites dos mais variados possíveis, na tentativa de se manterem superiores. Sem nos esquecermos das sedas e peles valiosas e caras. Ao contrário, as pessoas comuns se vestiam com meras roupas de lã e linho; e os bem mais humildes, ainda, a considerada ralé, com roupas de pele de cabra, carneiro ou lobo.
Numa sociedade tão marcada pelos contrastes sociais, impossível se tornava não apontar tal e qual, apenas pelos trajes que passeavam pelas ruas das cidades e pelos salões festivos dos grandes palácios e palacetes. A roupa era realmente uma divisória entre ricos e pobres, cultos e incultos, nobres e plebeus. Até porque, a dificuldade que era confeccionar uma roupa ou mesmo mandar que fosse confeccionada ao seu modo, tornava-a demasiadamente onerosa, principalmente para uma população que mal tinha o que comer. E, ainda, sofria com a peste e a fome.



A moda/vestimenta como observamos, tornou-se ao longo dos anos sobejamente exagerada. E assim, permaneceu principalmente no que tange ao vestuário masculino, até por volta do começo do século XV. A partir de então, progressivamente, ela vai perdendo a ostentação, para no período renascentista se aliar às artes, numa tentativa de transplantá-la para as vestes.
Estas, inclusive, passam a retratar cada vez mais o espírito de riqueza e dominação das pessoas. Em se tendo dinheiro, podia-se ter um guarda-roupa diversificado, com muito luxo e preciosidades. E, a riqueza atrai consideravelmente a luxúria, por isso mesmo, as mulheres passam a abusar cada vez mais dos decotes, reveladores das formas arredondadas e cobiçáveis aos olhos masculinos. Os homens, por sua vez, também se esforçam para manterem-se desejáveis aos olhos das belas senhoritas “decotadas”.

2 comentários:

  1. 1) LAVER, James. Op. Cit., p. 53-54.
    2) Idem, Op. Cit., p. 58.
    3) Idem, Op. Cit., p. 62.
    4) O vestuário – vestuário na Idade Média. Disponível em http://educom.fct.unl.pt/proj/por-mares/vestuario.htm Acesso em 07 nov. 2004.

    1) desenho representativo de roupas da época. Disponível em: http://educom.fct.unl.pt/proj/por-mares/vestuario.htm Acesso em 07 nov. 2004.
    (2 e 3) desenho retratando trajes do século XI e XIII. Disponível em: http://www.fashionteen.hpg.ig.com/xvii.html Acesso em 09 nov. 2004.
    4) desenho retratando trajes do século XIV; Ibid.
    5) desenho de como se vestia uma senhora feudal. Disponível em:
    http://educom.fct.unl.pt/proj/por-mares/vestuario.htm Acesso em 07 nov. 2004.

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